Se até pouco tempo a infertilidade conjugal era considerada um problema exclusivamente feminino, hoje se sabe que cerca de 40% dos casos de infertilidade de um casal são atribuídos à mulher, 40 % aos homens e em 20% dos casos o problema está presente em ambos os parceiros. “É de fundamental importância que o homem tenha acompanhamento médico e participe junto com a sua parceira da investigação para diagnóstico e tratamento da infertilidade”, afirma o ginecologista Joaquim Lopes, especialista em Reprodução Humana. A idade é um dos fatores naturais que afetam a capacidade reprodutora, já que há declínio da fertilidade nas mulheres, após os 35 anos. Segundo o médico, a varicocele (varizes na bolsa escrotal) é uma das causas mais comuns da infertilidade no homem e consiste na dilatação anormal das veias que drenam o sangue na região dos testículos.
A doença, que acomete principalmente a partir dos 15 anos, compromete o fluxo venoso, causando o acúmulo de substâncias nocivas no órgão e o aumento da temperatura local, o que pode acarretar diminuição na produção e na qualidade dos espermatozóides, conseqüentemente, comprometendo a capacidade de fertilização do óvulo. Podem acontecer dores e inchaços na região, mas em grande parte dos casos a doença é assintomática, não afeta a vida sexual, e, muitas vezes, só é descoberta quando o paciente não consegue engravidar sua parceira. O espermograma (exame de análise laboratorial do sêmen) é indispensável na avaliação do fator masculino no casal infértil.
O diagnóstico da varicocele pode ser feito através de exames físicos já que essas veias são visíveis ou palpáveis. Alguns exames de imagem, como ultra-sonografia testicular e cintilografia dos testículos, auxiliam no diagnóstico. Hoje, a indicação cirúrgica é feita nos casos em que a varicocele causa atrofia testicular (diminuição do volume), dor no testículo afetado e quando o paciente é mais jovem e a infertilidade não é tão acentuada. Muitos casos de infertilidade associada à varicocele só conseguem ser resolvidos pela fertilização “in vitro”, injetando-se o espermatozóide no interior do óvulo. Nos casos que têm indicação cirúrgica, a cirurgia consiste na ligadura das veias varicosas. O procedimento tem por objetivo normalizar a circulação e fazer com que o órgão volte a produzir espermatozóides com qualidade. Três, seis e até nove meses após a correção cirúrgica são realizados exames de controle para avaliar os novos espermatozóides.
Outros fatores da infertilidade masculina
A baixa produção de espermatozóides pelo testículo, causada por alterações hormonais, a mobilidade dos espermatozóides e a qualidade do sêmen são alguns dos fatores que influenciam na fertilidade masculina. Outro fator que pode reduzir ou até mesmo eliminar a produção de espermatozóides na vida adulta pode ser resultante de uma infecção dos testículos pelo vírus da caxumba, contraído na infância. Há também causas genéticas em pacientes que não têm espermatozóides (azoospermia) ou que apresentam uma concentração inferior a cinco milhões de espermatozóides por mililitro de sêmen (oligozoospermia severa). As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST’s), o uso de cigarro e o consumo de álcool também podem comprometer a fertilidade.