O aborto espontâneo ou interrupção involuntária da gravidez é a perda do feto antes da vigésima semana de gestação ou antes do peso fetal alcançar 500 gramas. É uma das emergências mais frequentes na gravidez e geralmente ocorre nos três primeiros meses de gestação. O aborto espontâneo acomete cerca de 10 a 20% das mulheres grávidas. Quanto mais avançada a idade da mulher, maior o risco de abortamento natural. A Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva estima que entre 15% e 25% das mulheres em idade fértil vão ter pelo menos um aborto e 5% delas terão duas perdas gestacionais.
Já o aborto espontâneo recorrente ou de repetição, caracterizado por duas ou mais perdas gestacionais naturais (sucessivas ou não) também antes da vigésima semana de gravidez, acomete cerca de 2 a 3% dos casais em idade reprodutiva, com grande impacto e sequelas emocionais para o casal.
Fatores cromossômicos estão entre as principais causas do aborto recorrente, mas as causas também podem ser imunológicas, hematológicas (trombofilias), infecciosas, endócrinas (alterações hormonais, obesidade, diabetes não controlada, problemas de tireoide), alterações anatômicas do útero, estilo de vida e fatores ambientais ou até mesmo causas desconhecidas.
Um dos grandes vilões de uma gravidez saudável é o tabagismo. Fumar durante a gravidez pode aumentar, consideravelmente, o risco de uma mulher ter uma gestação interrompida espontaneamente, além de vários outros riscos sérios que o cigarro pode causar para as mães e seus bebês.
Sangramento vaginal, dor abdominal ou cólica intensa, dor lombar, eliminação de coágulos de sangue pela vagina, febre, calafrios, náuseas e perda de sensibilidade das mamas são alguns dos sintomas da perda gestacional. Ao sentir qualquer desses sintomas, a gestante deve consultar imediatamente seu médico.
O tratamento adequado depende da causa do aborto de repetição, no entanto, boa parte dos casos são multifatoriais e em cerca de 50% as causas não são detectáveis. A reprodução assistida é a alternativa terapêutica que possibilita uma gravidez para esses casos, conseguindo até mais de 80% de sucesso para casais que já sofreram perdas gestacionais.
Manter-se no peso adequado, adotar hábitos saudáveis e realizar o acompanhamento pré-natal são fundamentais para uma gravidez tranquila.