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Mitos e verdades sobre a fertilização in vitro

Se você está na fase de buscar informações sobre fertilização in vitro, certamente já ouviu muita coisa, né? Os gurus da internet, os doutores de plantão, a vizinha e a tia. Mas meu objetivo aqui hoje é esclarecer, de fato, os mitos e verdades sobre a fertilização in vitro.

Para isso, separei oito mitos e verdades para te ajudar a ter informações corretas para poder seguir a sua jornada com mais segurança!

A FIV

A fertilização in vitro (FIV) é uma técnica de reprodução assistida que consiste, basicamente, na fecundação do óvulo pelo espermatozoide em ambiente laboratorial, onde o desenvolvimento dos embriões é acompanhado pela equipe médica e de embriologia, com a ajuda da tecnologia. Esses embriões são cultivados, selecionados e então transferidos para o útero em momento adequado.

É um dos procedimentos mais indicados para casos de infertilidade considerados mais complexos, como para mulheres que apresentam alterações ginecológicas importantes e homens que apresentam problemas na produção de espermatozoides.  

A FIV acontece em quatro etapas:

  • Na primeira etapa de estímulo ovariano, a mulher toma medicações hormonais em uma maior quantidade para amadurecer o maior número de óvulos e posteriormente realizar a coleta desses óvulos;
  • Após a coleta dos óvulos, o homem colhe o sêmen, para a realização da FIV clássica, onde os espermatozoides são colocados ao redor do óvulo para que um deles penetre espontaneamente, ou para realização da ICSI – injeção intracitoplasmática do espermatozoide -, técnica em que um único espermatozoide é selecionado e inserido em cada óvulo;
  • No dia seguinte é que se sabe se esse óvulo foi fertilizado pelo espermatozoide;
  • A partir daí, os embriões se formam de 3 a 5 dias depois da fertilização e estão prontos para serem depositados no interior do útero, o que é chamado de transferência embrionária

 A Fertilização in vitro com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides): é o método mais eficaz de fecundação do óvulo, isso porque o gameta masculino é inserido diretamente no gameta feminino. Dessa forma, os espermatozoides que não conseguiriam chegar ao óvulo em função de sua baixa mobilidade são capazes de gerar um embrião. 

8 mitos e verdades sobre a FIV 

1. A FIV é uma garantia de gestação. 

Mito! Ao considerar o tratamento, é essencial saber que a FIV aumenta consideravelmente as chances de gravidez, mas não é uma garantia de gestação. A concepção vai depender de diversos fatores, sobretudo genéticos.

A idade da mulher, por exemplo, é uma condição que pode reduzir a taxa de sucesso do método. Em mulheres com até 35 anos, a FIV chega a 60% de chances de êxito por tentativa. A partir dessa idade, o índice começa a cair.  Outros fatores também podem afetar o processo, como a qualidade dos gametas utilizados.

Porém, o fato de não ter sucesso em uma tentativa não quer dizer que o casal não possa realizar o sonho da gravidez! É importante estar preparado para a necessidade de mais de uma tentativa de tratamento para termos o sucesso esperado. 

2. O procedimento é indicado apenas para casos de infertilidade. 

Mito! Além da infertilidade, o procedimento é viável também para casais homoafetivos que desejam gerar um filho, em casos de coparentalidade, assim como para mulheres solteiras que escolhem a produção independente. Nesses casos, a paciente deve recorrer a um banco de sêmen, recurso que serve também para homens que apresentam esperma com baixa capacidade fértil.

Nos casos de casais homoafetivos masculinos, o tratamento requer uma doadora de óvulos e uma mulher que se disponibilize a gestar pelo casal, o que é denominado útero de substituição. 

3. As chances de gravidez múltipla na FIV são maiores do que em uma gestação via métodos naturais. 

Nem sempre! Essa probabilidade é decorrente do número de embriões transferidos ao útero materno. Se for transferido um embrião no útero, a chance de uma gestação gemelar é semelhante à da gestação natural – que seria ao redor de 0,5 a 1%. A transferência de dois embriões, por exemplo, tem entre 21 e 39% de chance de resultar em gestação múltipla. 

O Conselho Federal de Medicina (CFM) recomenda um limite de embriões transferidos ao útero de acordo com a idade da mulher. As regras estabelecem que: 

  • No caso de mulheres com até 37 anos, podem ser transferidos até dois embriões
  • Para aquelas acima de 37 anos, a transferência é limitada a três embriões
  • Em caso de embriões euploides ao diagnóstico genético, até dois embriões podem ser transferidos, independentemente da idade da mulher.

4. É possível escolher o sexo do bebê. 

Mito! Esse talvez seja o maior equívoco quando se trata de FIV. Aliás, o CFM, através do seu Código de Ética, proíbe a escolha do sexo do bebê nos tratamentos de reprodução assistida. 

Há exceção somente para os casos de doença genética ligada ao sexo. Nessa situação, é permitida a escolha do embrião de acordo com o sexo que tem menor probabilidade de ser acometido pela doença. Assim, evitam-se complicações durante a gestação, como parto prematuro ou aborto. 

5. A FIV é diferente da inseminação intrauterina. 

Verdade! Esses dois métodos da medicina reprodutiva são distintos, apesar de compartilharem algumas semelhanças. 

 A técnica da inseminação intrauterina é mais simples, já que o óvulo é fecundado no interior do corpo da mulher, nas tubas uterinas. Trata-se de um tratamento indicado para os casos de infertilidade causados por baixa qualidade seminal, isto é, quando o homem tem espermatozoides em quantidade ou motilidade insatisfatória no líquido ejaculado. 

Pode ainda ser uma opção para mulheres jovens, que mesmo não apresentando bloqueios nas tubas uterinas não conseguem engravidar; para aquelas que pretendem engravidar por meio de óvulos doados; para homens portadores de azoospermia (ausência de espermatozoides no ejaculado); para a mulher solteira ou para um casal homoafetivo feminino.  

Já no processo de fertilização in vitro, a fecundação se dá em laboratório, por isso a FIV é mais complexa e exige mais etapas. Outra diferença é que a taxa de sucesso da inseminação artificial fica em torno de 15 a 30%, sendo mais baixa em relação à da fertilização – até 60%. 

6. A técnica pode reduzir o risco do nascimento de bebês com doenças hereditárias.  

Verdade! Uma possibilidade que a fertilização in vitro oferece é o diagnóstico genético pré-implantacional.  

O procedimento é realizado antes da transferência embrionária, a fim de que a análise dos embriões possa verificar a presença de algumas anormalidades cromossômicas, bem como doenças genéticas familiares específicas. Assim, a seleção dos embriões é mais criteriosa. 

Porém, este teste só é indicado para casais com histórico de doença genética na família, mulheres com 38 anos ou mais ou que apresentam abortos de repetição ou tratamentos anteriores sem sucesso. Esses grupos têm um risco maior de ter alterações genéticas que são possíveis de serem detectadas e, portanto, terão benefícios ao realizar o teste. 

7. É possível fazer a fertilização in vitro em qualquer situação. 

Mito! Em primeiro lugar, somente a orientação do médico especialista poderá afirmar se você deve realizar a FIV ou não. 

Além disso, recomenda-se que se busque o tratamento após um ano de tentativa de reprodução natural quando a mulher tem até 35 anos, e após 6 meses se ela tiver 35 anos ou mais. 

De toda forma, as condições para a realização do procedimento devem sempre ser analisadas previamente. 

8. Mulheres com idade acima de 40 anos podem fazer a FIV. 

Verdade! Não é só a idade da mulher que é levada em conta na avaliação para a FIV, fatores como taxas hormonais e reserva ovariana, quando a paciente deseja realizar o tratamento com seus próprios óvulos, e ainda a possibilidade de se realizar o procedimento com óvulos doados de uma doadora mais jovem, são analisados na tomada de decisão.

É fato que a idade da mulher é uma condição a ser considerada, já que com o passar do tempo a produção de óvulos diminui gradativamente, o que afeta a qualidade e a quantidade dos gametas femininos, e como consequência, o procedimento pode ser menos eficiente, mas, ainda assim, a FIV é mais eficaz que a reprodução natural nesses casos.  

O procedimento de FIV é cada vez mais conhecido, e isso requer maior atenção quanto às informações que se tem sobre este assunto, que devem ser sempre de fontes confiáveis.  

Espero ter esclarecido suas dúvidas sobre o assunto. Mas, se ainda restam questões a serem sanadas, fale com a gente! 

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