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Médica do Cenafert ajudou a trazer ao mundo gêmeas do primeiro pai solo em Salvador

A médica Amanda Cútalo, especialista em medicina reprodutiva, da equipe da clínica, foi a responsável pelo tratamento bem sucedido, um marco na história da reprodução assistida na Bahia.

Diego Massena é solteiro e sempre teve o sonho de ser pai. Pelo fato de ser gay e estar solteiro, para colocar o sonho em prática teria duas opções: adotar ou fazer uma técnica de reprodução assistida com um útero cedente. E essa última foi a decisão dele. Em fevereiro de 2021, em Salvador, ele procurou a médica Amanda Cútalo, especialista em reprodução humana, da equipe do Cenafert, para iniciar o tratamento e se tornar pai solo. Passados um ano e sete meses, finalmente Diego acaba de se tornar pai de duas meninas gêmeas nascidas no dia 29 de setembro, em uma maternidade, no bairro da Federação, em Salvador.

Para começar, primeiro ele precisava de uma mulher que topasse ser a cedente do útero e gerasse as crianças, além de conseguir os óvulos de uma doadora anônima. A mulher que cede o útero não pode doar os óvulos ao mesmo tempo, segundo determina o CFM. A primeira dificuldade estava superada, já que a prima carnal dele havia aceitado entrar na jornada de corpo, útero e alma.

“O que mais motivou aprender a fazer o que eu faço foi a parte teórica. Acho incrível pegar duas células e fazer com elas se tornem um ser humano. Depois, comecei a me interessar pela saúde da mulher e, durante a residência médica, fiquei encantada pelos desafios da reprodução assistida, afinal, alguns casos são mais fáceis, mas outros o casal, a mulher, tem de tudo para não engravidar. Me sinto numa batalha para conseguir ajudar a pessoa neste sonho, superando os obstáculos. Ver uma criança falando, correndo, indo pra escola, e saber que eu já segurei ela na pontinha de um cateter é extremamente fascinante”, relata a médica.

Início da fertilização in vitro

No Cenafert, clínica onde a médica Amanda Cútalo atua, há um estoque de óvulos congelados, cedidos por mulheres que passam pelo mesmo tratamento e os colocam à disposição para que outras pessoas, como Diego, realizem o sonho de constituir uma família.

Os dados da doadora são anônimos. “A doadora é escolhida com base no biotipo da receptora, mas no caso de Diego, pela receptora ser somente a cedente de útero e não a mãe, não foi preciso seguir esta regra. Diego não tinha preferência quanto ao tipo físico da doadora, nem de altura, cor de pele e olhos. Poderia ser qualquer uma. Isso acelerou um pouco o processo”, pontua a médica.

A fertilização dos óvulos foi feita com o próprio sêmen do pai solo para gerar o embrião possibilitando que, biologicamente, as filhas tenham 50% do seu DNA. Com os embriões prontos, eles foram transferidos para o útero da prima.

Como se faz uma fertilização em vitro?

Tudo começa utilizando medicações que façam os ovários produzirem vários óvulos ao mesmo tempo. Após uns 12 dias em média, os óvulos são coletados e fertilizados no laboratório, com o sêmen do parceiro ou do doador. No caso da doação de óvulos, uma parte dos óvulos coletados são armazenados na clínica até que exista um receptor compatível.

Antes de transferir os embriões, são realizadas algumas ultrassonografias e são feitos medicamentos que preparam o útero para obter um endométrio fisiologicamente adequado para a implantação. Essa etapa dura cerca de 20 dias e são utilizados remédios via oral e via vaginal.

Quando o útero está pronto, os óvulos são descongelados de uma temperara de -196 º celsius, e finalmente, é chegada a hora do pai solo ir à clínica colher os espermatozoides. Nessa etapa, por meio de microscópio e pipeta, os óvulos são fertilizados. Eles são observados por cinco dias, para acompanhar quantos embriões evoluem até estágio de blastocisto.

Ao todos, foram doados 6 óvulos. “Quando se trata de doação de óvulos utilizamos em média, essa quantidade. Dos seis óvulos doados, 3 embriões foram formados. Dois deles foram colocados no útero, seguindo as diretrizes do CFM, que indica este número máximo. Um embrião permanece congelado, caso ele queira aumentar a família”, explica a especialista.

Beta HCG positivo

Gravidez confirmada, cerca de 15 dias os exames mostravam que tudo corria perfeitamente bem e o ultrassom mostrava dois sacos gestacionais. Ou seja, o pai solo estava à espera de gêmeos. Ou melhor, duas meninas gêmeas bivitelinas. Diante da vitória, após escutar os corações dos seus bebês, foi o momento de receber alta médica das mãos da Dra. Amanda e seguiram para o acompanhamento da médica responsável pelo pré-natal e parto.

“Para aqueles que ainda têm dúvidas que um homem solo não pode constituir uma família, Diego e as suas duas filhas, são a prova viva disso’, comemora a médica.

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